PLP 39/2020. NOTA PÚBLICA DA CNTE

As medidas de combate ao coronavírus precisam se pautar na justiça socialNota Pública que trata do auxílio financeiro da União aprovado pelo senado aos Estados, Distrito Federal e Municípios e do congelamento dos salários e das carreiras de servidores públicos das três esferas administrativas e dos três poderes da República, com algumas exceções (saúde, segurança pública e Forças Armadas ficaram de fora das restrições impostas aos demais servidores públicos).

As medidas de combate ao coronavírus precisam se pautar na justiça social

O Senado votou no último sábado (2) e a Câmara dos Deputados poderá votar ainda esta semana, o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 39/2020, substituto ao PLP 149/2019, que trata do auxílio financeiro da União aos Estados, Distrito Federal e Municípios e do congelamento dos salários e das carreiras de servidores públicos das três esferas administrativas e dos três poderes da República, com algumas exceções (saúde, segurança pública e Forças Armadas ficaram de fora das restrições impostas aos demais servidores públicos). A matéria do PLP 39 é bastante polêmica, embora o placar no Senado tenha sido avassalador (79 votos favoráveis e apenas 1 contrário). Os próprios entes subnacionais não se mostraram a favor do texto do Senado, pois os repasses diretos da União para ações de combate à pandemia da Covid-19 e para manutenção dos demais serviços públicos não são suficientes.

A CNTE havia manifestado na semana passada as preocupações que envolvem a área da educação, pois o referido auxílio não recompõe as vinculações de receitas do ICMS (principal imposto que financia a educação). E isso demandará novas alternativas de ajuda federal a Estados e Municípios, sobretudo através do aumento do percentual de complementação federal ao Fundo da Educação Básica (FUNDEB).

Não há dúvida que o momento pelo qual o Brasil passa é crítico e exige esforços concentrados dos diferentes níveis de governo e da sociedade. Mas é preciso cautela para tratar os assuntos que envolvem vidas humanas. E é prioritário garantir as condições em todas as regiões do país para evitar o colapso do sistema de saúde, bem como para atender outras demandas sociais. E os servidores públicos não podem, mais uma vez, fazer parte simplesmente de uma contabilidade de cortes orçamentários.

Se o momento exige sacrifícios e empenho de todos, que ao menos os temas mais sensíveis à sociedade sejam tratados com maior responsabilidade e prudência. E escutar setores (público e social) é essencial para evitar mais prejuízos do que os já impostos pela pandemia. O Brasil possui inúmeras alternativas para financiar os custos com a pandemia, especialmente pela via dos impostos. Falta justiça tributária (e social) ao país, que insiste em manter isenções, imunidades e subalíquotas de impostos patrimoniais. A progressividade mais justa do Imposto de Renda, a taxação de lucros e dividendos de pessoas físicas e jurídicas e o Imposto sobre Grandes Fortunas, previsto na Constituição desde 1988, nunca foram prioridade e deveriam ser nesse momento! O combate à sonegação e a cobrança de dívidas atrasadas por parte das três esferas administrativas – que superam largamente a atual ajuda federal aos entes federativos – é outro assunto que a União e o Congresso evitam tratar.

Os/As trabalhadores/as em educação, assim como outras categorias de servidores públicos, além dos/as trabalhadores/as da iniciativa privada, têm consciência da gravidade e dos esforços que o país precisa fazer para enfrentar essa terrível crise sanitária que também afeta gravemente a renda e o emprego da classe trabalhadora.

Mas exigimos coerência e empenho de TODOS, de fato, para atravessarmos esse período de imensas contenções. E o caminho mais prudente e seguro consiste em garantir justiça ao financiamento das contas públicas. Quem mais tem precisa contribuir com mais. Mas isso o Brasil continua a evitar insistente e hipocritamente! Em defesa da vida e dos serviços públicos de qualidade! Por um país mais justo e solidário!

Brasília, 4 de maio de 2020
Diretoria da CNTE

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